Discipulado e missão: duas faces da mesma moeda Uma das passagens mais marcantes do Evangelho para mim é aquela sobre o cego de Jericó, na qual vemos um caminho de construção de um novo homem. De um lado, a cegueira, mendicância, o estar à beira do caminho e, talvez, uma acomodação ou falsa segurança representadas pelo seu manto. Depois, uma transformação expressa em uma sequência de ações: a súplica, o grito por cura, o lançar fora a capa, o erguer-se e dar um salto até a direção de Jesus. Por fim, além de recuperar a vista, passou a seguir o Messias. Leiamos na íntegra esse trecho do Evangelho segundo São Marco: “Chegaram a Jericó. Ao sair dali Jesus, seus discípulos e numerosa multidão, estava sentado à beira do caminho, mendigando, Bartimeu, que era cego, filho de Timeu. Sabendo que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!”. Muitos o repreendiam, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!”
Que mundo é este? Há um texto na Sagrada Escritura extremamente provocante, podendo ser lido, meditado e praticado em nosso tempo e em nosso mundo, como descrição do modo de agir de Deus, “lento para a ira e rico em misericórdia e bondade” (Ex 34, 5-6). Trata-se do Livro de Jonas, com apenas quatro capítulos, mais do que uma profecia, uma pequena e rica história cheia de sabedoria, ambientada numa grande cidade, Nínive, na área mais ou menos correspondente a Mossul, cidade do Iraque praticamente destruída em recentes conflitos. Jonas é chamado por Deus para pregar àquela cidade, para denunciar-lhe as injustiças praticadas pela população. O profeta se enche de medo e foge de suas responsabilidades. Mais tarde, e é o que nos atrai nesta reflexão, é chamado mais uma vez, pondo-se então a caminho da imensa cidade. Foi-lhe difícil entender a missão recebida, pelo que saiu pelas ruas anunciando a destruição. O mais simpático é que, das autoridades até as pessoas mais simples, aos olhos de